sábado, 11 de julho de 2009

Carta De Conselheiro

Nesta sexta-feira me deparei com uma carta do conselheiro Marco Antonio Costa Souza, contrária ao Projeto Arena, que foi publicada no blog do Wianey Carlet.

Li a carta na sua totalidade pois acho importante analisarmos todos os contrapontos, a fim de buscarmos esclarecer toda e qualquer dúvida em relação ao projeto.

Não vou tecer comentários a respeito do comparativo entre o patrimônio que o nosso co-irmão pode vir a ter, até porque lá eles tratam a reforma do Beira-Rio e o Gigante Para Sempre (entorno) como projetos separados.

Acho importante salientar o seguinte: o Projeto Arena NÃO TEM NENHUMA POSSIBILIDADE DE SE TORNAR UM NOVO CASO ISL (onde o que realmente "quebrou" o clube não foi a falência da ISL, mas sim a MÁ GESTÃO do dinheiro investido pela empresa no clube).

As diferenças entre os dois casos são abissais, mas a principal é em relação aos contratos: o da ISL foi assinado sem que o conselho tivesse total ciência do seu teor, já o contrato do Projeto Arena passou por SETE COMISSÕES formadas por conselheiros de TODOS os grupos políticos do clube, sendo aprovado pelas SETE COMISSÕES.

Ora, todas elas se enganaram? Será que nenhuma delas viu a "fria" em que o clube estaria se metendo?

Enfim, voltemos ao que realmente interessa. Vou postar os esclarecimentos por tópicos:

1 - "Mas o absurdo é que o Grêmio não sabe quanto pagará pelo novo estádio"

Realmente, o Grêmio não sabe quanto pagará pela Arena. A única coisa que se sabe é que o "PAGAMENTO" da Arena será feito através do PERCENTUAL das receitas LÍQUIDAS do estádio que a OAS tem a receber (35%) pelo período de parceria.

Ou seja, o VALOR FINAL DA ARENA é diretamente PROPORCIONAL ao sucesso da mesma.

Quanto maior o valor recebido pela OAS, maior o valor recebido pelo Grêmio também.

2 - "o Grêmio não tem uma avaliação atualizada da Azenha e assim também não sabe quanto vale a área que está sendo entregue em dação em pagamento. A avaliação que existe é anterior à elevação do índice de construção, o que a torna imprestável."

Da mesma maneira que nós também não temos ainda a avaliação de quanto custará a área do Humaitá quando lá foram construídas a nova ponte do Guaíba, Rodovia do Parque, novos empreendimentos residenciais/comerciais, aeromóvel, novas linhas de metrô, etc.

O valor atual do Olímpico dificilmente deve ter aumentado em 50% devido aos novos índices construtivos, mas certamente a área onde será construído o novo estádio pode ter um valor muito superior ao atual, pois hoje lá não existe praticamente nada, e aquela região será revitalizada.

(acho que a construção do Beira-Rio é uma prova disso. Foi feita no meio da água e hoje permite que o co-irmão possa vir a ter "um complexo esportivo incomum entre clubes de futebol")

3 - "Um clube com uma dívida imensa, cuja atividade fim são resultados em campo, não deve comprometer 100 anos de história, lutas, glórias e conquistas em uma aventura totalmente despropositada, cujos benefícios principais serão auferidos por terceiros."

Na minha visão, os benefícios principais seriam obtidos pelos torcedores do Grêmio, que contariam com um estádio confortável, com fácil acesso (tanto para quem é da capital quanto para quem vem do interior), segurança, etc.

4 - "Ou seja, nos próximos 3 anos o Grêmio deverá "desviar" R$ 21.000.000,00 de sua atividade fim, para liberar a área que será entregue para a OAS."

Não, o clube não vai precisa "desviar" 21 milhões do futebol. As dívidas que hoje honeram o terreno do Olímpico podem ser negociadas de forma que integrem o condomínio de credores (como está sendo feito com o Zinho, uma das maiores dívidas do clube, juntamente com a dívida do Flamengo).

As penhoras também podem ser transferidas para outros patrimônios do clube.

5 - "É inadmissível que o Grêmio sistematicamente precise vender craques e promessas de craques e pense simultaneamente em construir um luxuoso estádio."

Creio que a construção do novo estádio foi pensada justamente para evitar que o clube necessite vender suas revelações a preço de banana, o que ocorre a décadas (e não a partir da concepção do Projeto Arena).

6 - "O objetivo do Grêmio são vitórias, títulos e o estádio deve ser uma conseqüência da grandeza esportiva do Clube."

Eu acho justamente o contrário. Um estádio confortável atrais mais torcedores. Mais torcedores significa mais dinheiro. Mais dinheiro significa times melhores. Times melhores significa vitórias e títulos.

É uma opinião PESSOAL.

7 - "A construção da Arena não aponta para qualquer indicativo de solução para os graves problemas que o Grêmio hoje enfrenta"

Os graves problemas que o Grêmio hoje enfrenta são de ordem FINANCEIRA. A Arena tem como objetivo justamente tornar o clube auto-sustentável.

8 - "Por que não recuperamos o Olímpico? Basta explorar as áreas contíguas ao estádio ("carecão", ex-piscinas, ginásio, Mosqueteiro), transformando-as em centro empresarial, shopping, hotel, centro de convenções, estacionamento etc. Com o dinheiro da exploração destas áreas o Grêmio reforma o Olímpico e ainda segue recebendo rendimentos indefinidamente."

Aqui vou usar as palavras do próprio conselheiro: "O Grêmio não é uma empresa imobiliária, mas um clube de futebol."

9 - "Por que não consultar a torcida sobre a reforma do Olímpico ou a construção da Arena?"

Conselheiros são eleitos pelos sócios. Ou seja, o Conselho Deliberativo representa a torcida gremista. E este conselho APROVOU o projeto.

Se seguirmos este pensamento à risca, os nossos presidentes precisariam consultar a torcida sobre os reforços que pretendem contratar, sobre a queda ou não dos técnicos, etc.

10- "não será muito diferente de uma partida entre Zaire e Namíbia."

Eu condeno este tipo de comentário, até porque o autor da carta faz parte do conselho do Grêmio, não do conselho da FIFA.

É muito mais fácil a FIFA designar aqui os jogos da Argentina (pela proximidade), Itália e Alemanha (estes últimos dois por sabermos que aqui é uma terra colonizada na sua grande maioria pelo povo alemão e italiano) do que jogos entre seleções sem nenhuma expressão no cenário mundial.

11 - "Primeiro, porque a aprovação da matéria perante o Conselho Deliberativo ocorreu sem a aferição das presenças ("quorum"), oportunamente requerida conforme consignado em ata e, segundo, porque o texto aprovado não corresponde ao contrato firmado."

As alterações feitas no contrato apenas seguiram as ressalvas feitas pelas comissões que analisaram o mesmo. Ou seja, o conselho aprovou o contrato e as possíveis alterações que deveriam ser feitas no mesmo.

12 - "O único cenário que aponta para um negócio rentável exige que o Grêmio tenha uma presença quase constante em Libertadores e figure nas 4 primeiras posições do campeonato brasileiro em todos os anos."

Este estudo trata como necessária a presença na Libertadores porque a MÉDIA DE PÚBLICO neste campeonato é maior do que nos demais. Ou seja, o que vai determinar se o clube vai ter ou não prejuízo é a MÉDIA DE PÚBLICO, e não o campeonato em que esteja participando.

13 - "A convicção reinante é que o Grêmio pagará um valor absurdo pelo novo estádio e só esse motivo pode justificar essa nuvem imensa de dúvidas e a inexplicável ausência do cálculo do valor que o Grêmio deverá pagar pela Arena."

Como eu havia dito antes, o VALOR FINAL DA ARENA é diretamente PROPORCIONAL ao sucesso da mesma. Quanto maior o valor recebido pela OAS, maior o valor recebido pelo Grêmio também.

14 - "Mas um clube de futebol não cresce simplesmente como conseqüência da construção de um novo estádio. Se assim fosse, o Ypiranga de Erechim deveria ter sido campeão brasileiro, talvez gaúcho, pelo menos da 2ª divisão do interior. Se assim fosse, em Cidreira deveria ter "brotado" um time de futebol minimamente razoável para fazer jus ao "Sessinzão" (pomposamente denominado Estádio Municipal de Cidreira)."

Claro que não. O que faz o sucesso de um clube é a sua TORCIDA. De que adianta construir um estádio se não tem ninguém para botar lá dentro. O Grêmio tem mais de 6 milhões de torcedores apaixonados. Certamente este não deverá ser um problema.

15 - "A construção da Arena não assegurará títulos e conquistas para o Grêmio na sua atividade fim."

A reforma do Olímpico vai?

Agora, vamos às perguntas:

1) Na gestão de seus bens pessoais, trocaria um terreno seu, localizado na Azenha, com 500 metros quadrados, onde existisse uma casa antiga de 100 metros quadrados (passível de uma boa reforma) por um apartamento de luxo no bairro Humaitá, com os mesmos 100 metros quadrados de área, com o agravante que ainda pagaria um pesado financiamento durante 20 anos?

O terreno que vai pertencer ao Grêmio no Humaitá é MAIOR do que o atual terreno onde se encontra o Olímpico.

Este dito "pesado financiamento" não vai sair dos cofres do clube. Virá das receitas da ARENA.

Aliás, é importante destacar que durante os 7 primeiros anos de parceria, o clube receberá R$ 7 MILHÕES POR ANO MAIS 100% DOS LUCROS DA ARENA. Nos 13 anos restantes passará a receber R$ 14 MILHÕES POR ANO MAIS 65% DOS LUCROS DA ARENA.

2) Na gestão de seus bens pessoais faria o negócio acima referido sem saber quanto custaria esse novo e luxuoso apartamento ao longo e ao cabo de 20 anos?

Como o valor do financiamento é um percentual fixo sobre as RECEITAS que eu receberei com o novo apartamento eu faria o negócio referido sim.

3) Na gestão de seus bens pessoais, havendo dúvida quanto ao valor da sua propriedade, venderia o imóvel sem a precedência de uma criteriosa avaliação técnica?

Como já existe uma avaliação prévia, tendo uma noção de quanto vale o terreno, faria a troca do imóvel antigo com 30 anos de uso pelo imóvel novo.

4) Na gestão de seus bens pessoais, faria um negócio sem saber qual seria o custo final?

Como dito anteriormente, se o valor do imóvel fosse proporcional às receitas que eu obteria com ele, sim, faria o negócio.

Bom, agora está na hora de eu fazer algumas perguntas também, que julgo procedentes e gostaria de obter as devidas respostas:

1 - A quanto tempo existe o projeto de reforma do Olímpico?

2 - Por que ele nunca saiu da gaveta, já que ele é tão bom para o Grêmio?

3 - Quanto custaria uma reforma do Olímpico, de forma que este fique no mesmo nível de uma arena confortável?

4- De onde vai sair o dinheiro da reforma?

5 - Se este dinheiro vier de investidores, o que eles vão querer em troca?

6 - Por que a reforma do Olímpico só se tornou uma excelente oportunidade a partir do momento que surgiu o Projeto Arena?

7 - Quantas obras viárias seriam necessárias para tornar o acesso ao Olímpico decente (basta conversar com quem é do interior para saber o martírio que é ir a um jogo decisivo no Olímpico)?
8 - De onde sairá o dinheiro para melhorar as vias de acesso ao estádio?

Essas são 8 perguntas básicas. Assim que forem respondidas, coloco outros 37 questionamentos a respeito da reforma do Olímpico. Questionamentos que espero serem publicados ao longo de uma semana na coluna de um conhecido jornalista de Porto Alegre.

4 comentários:

Anônimo disse...

Esse Marco Antonio deve ser colorado. Deveria ter feito essas observaçoes durante a construçao do projeto e nao critica-lo depois de pronto.

Gustavo disse...

Acho que faria mais sentido (e mesmo assim, não muito) se ele tivesse defendido algum outro sistema de custeio e amortização, em vez de fixar-se na reforma do Olímpico.

Nosso estádio está muito mal, infelizmente. O acesso ao Olimpico é muito complicado e a saída do estádio é caótica. Com a colocação destas cercas na entrada/saída do Portão 1, ficou ainda mais difícil sair do estádio depois do jogo (aconteceu isso domingo).

Anônimo disse...

Há comentarios nos bares de Porto Alegre inclusive no COPACABANA, que a OAS está baixando as calcinhas; pedindo um aditamento no contrato: 40 % de uma receita minima bruta anual de R$ 75.000.000,00. Pedido feito pelo motivo de realocar o Shopping do 1º andar da arena OAS para outra parte do terreno; e não ter conseguido perante o BNDES o emprestimo com os juros subsidiados e nem com os preços de mercado.
Solicito confirmar está informação neste concituado blog o 1º e unico blog a disponibilizar as coisas que acontecem sobre a arena OAS.

Anônimo disse...

Resposta do Item 1

O gremio é que receberá 65% da renda liquida da renda da arena.

A OAS será a gestora do contrato, inclusive fazendo a operacionalização dos ingressos de jogos, cobrando o custo operacional,administrativo, manutenção, limpeza, agua e luz; repassando para a LARANJA gremio empreendimentos ao retirará os custos adminitrativos, fiscalização mercadologicos e impostos, ao qual repassará ao gremio o valor correspondente a receita liquida da mesma.
Cabe ao gremio com esta receita, fazer a desoneração dos contratos com os camarotes do olimpico, com seus socios patrimoniais, perpetuos e o subsidio com seu socio contribuinte na compra de ingresso para jogos na arena.